Entrevista: Airam Cabrera

07-09-2009 19:10

O canário Airam Cabrera (5C Bodyboards), foi protagonista de uma legítima cena de filme de terror no campeonato mundial de Arica, Chile. Graças a Deus não aconteceu nada mais grave e ele segue vivo para contar o drama que viveu.

A mensagem final se resume: Sorte é fundamental, mas sem preparação o pior pode acontecer. Abaixo uma pequena entrevista com Airam, feita pelo seu técnico personal Elmo Ramos, onde poderemos ter uma noção do que aconteceu.

ER: Airam, conte como foi essa tremenda caçada, como chamamos aqui em Canarias.

AC: Era uma bateria complicada, com Ben Player, Pierre Louis Costes e Rui Ferreira e desde o princípio Ben e Pierre começaram a me marcar. Peguei uma esquerda boa de tubo onde marquei 7,5 e quando estava voltando pro outside veio a série. Fui furando as ondas sem remar pra dentro, esperando que parasse um pouco para poder entrar. Estava impossível de passar a arrebentação tão grande. Em uma onda, notei que estava muito perto das pedras e nem pensava em olhar para trás. Por isso mantive a calma em todo momento e foram mais de 10 ondas na minha cabeça. Quando me dei conta, o Jet ski parou do meu lado e me resgatou. Meu corpo estava bastante moído e notei um cansaço grande. Já no pico, tentei cobrar as últimas forças do meu corpo para fazer outra nota e pude pegar mais 4 ondas, mas com a forte marcação de Ben e Pierre, só peguei ondas ruins... O máximo que consegui fazer foi um 3,16 e precisava de um 3,33... Igual no ano passado, fiquei de fora da competição por menos de 20 décimos!
 

ER: Quero saber do susto, da força da onda de El Gringo. Qual o perigo real?

AC: Em momento nenhum pensei em soltar a prancha, porque olhava pra frente e queria pegar outra onda pra passar a bateria. Estava muito concentrado em passar e não soltei a prancha, como dizia o locutor. Talvez se tivesse soltado a prancha poderia ter passado as ondas mergulhando fundo e nadando forte. Seria mais fácil porque você afunda e passa mais rápido, como acontece no México em dias grandes que arrebenta sua cordinha. O perigo real existe e se eu ficasse nervoso poderia ter morrido, ou se vêm mais ondas e me jogam nas pedras não sei o que poderia ter acontecido. Eu creio que estive muito perto de morrer, se tivesse batido com a cabeça. Ninguém poderia fazer nada, tudo dependia de minha capacidade de aguentar.

ER: O que passou em sua cabeça nesses momentos?

AC: Creio que não pensei em nada de ruim, só que não paravam de vir ondas e aí pensei friamente e vi que deveria furar as ondas com toda vontade do mundo até que me sobrasse um espaço pra remontar o folego e chegar lá fora. 

ER: O preparo físico e psicológico conta muito nessas horas, verdade?

AC: Sim, a verdade é que isso é muito importante. Eu já estava uns dias antes da competição de Arica fazendo minhas séries de Yoga no quarto do hotel, o que me deixou mais centrado e sem dúvida foi fundamental estar preparado tanto a parte técnica quanto a parte física e psicológica. Conta muito nessas horas onde o bicho pega de verdade, com ondas grandes, corrente, pedras, ouriços e mariscos que mais parecem navalhas! 

ER: Depois do susto como você está se preparando pro resto do Tour?

AC: Eu me cortei um pouco nas pernas mas as feridas estão cicatrizando e sigo aqui em Arica com meu amigo Oliver Herrera (OH Bodyboards) para treinar mais nessas ondas pro ano que vem e fazer umas imagens. Daqui vamos pra Espanha pra etapa de Sopelana, depois pro Grand Slam de Sintra em Portugal e pra etapa de Doninhos, em Ferrol, em busca de bosn resultados para recuperar minha posição no ranking. 

Um abraço a todos e até breve!

Airam Cabrera www.5cbodyboards.blogspot.com

Fonte: Blog Bodyboard Capixaba.
Por: Agência Ride It! de Notícias - Elmo Ramos (Burns).
Fotos: Marcelo Freitas (5C Bodyboards, Onda).

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